O Dólar, Trump e a Nova Guerra Econômica: o que isso tem a ver com seu negócio?

Paulo César Lemes

Estamos vivendo uma virada global silenciosa. Enquanto muitos empresários ainda estão focados no fluxo de caixa do mês, o mundo está redesenhando as regras do jogo. E quem não prestar atenção agora pode passar a próxima década pagando caro pela distração.

Tudo começa com um ponto aparentemente simples: o dólar está forte demais. Isso fez com que os americanos ficassem “ricos demais” no câmbio, mas completamente dependentes da produção de fora. O resultado foi desastroso para a indústria interna dos EUA. Setores inteiros desapareceram. O coração fabril do país virou uma sombra do que já foi.

Agora, Trump quer inverter esse jogo. E quer fazer isso de forma acelerada, com força política, narrativa nacionalista e medidas econômicas pesadas. O nome disso? Reindustrialização dos Estados Unidos. Custe o que custar.

A estratégia é clara: usar a política externa como moeda de troca para atrair investimentos e apoio. Funciona quase como um sistema de tributo imperial moderno. Se você quiser proteção militar, acesso ao mercado americano ou favores diplomáticos, vai ter que dar algo em troca. Comprar dívida americana, se alinhar politicamente ou, no mínimo, parar de comprar da China.

Mas esse plano tem rachaduras visíveis. Quem vai querer comprar títulos de 100 anos de um país que paga pouco, tem um governo instável e uma moeda em trajetória de queda? Investidor não é bobo. E o capital global já está buscando rotas de fuga.

A conta começa a chegar. E ela pode vir em forma de fuga de investidores, dólar enfraquecido e instabilidade sistêmica. Uma economia inflamada por protecionismo, dívida descontrolada e discurso patriótico pode parecer forte no discurso, mas é perigosa na prática.

E aí vem a pergunta que interessa: o que tudo isso tem a ver com você, empreendedor brasileiro?

Tudo!

Se você importa insumos, vai sentir no preço. Se exporta, pode ter uma janela de oportunidade, mas tudo depende da reação do mercado. Agora, se você tem dívidas ou contratos atrelados ao dólar, o alerta já deveria estar piscando faz tempo.

O ano de 2025 está se tornando o epicentro de um novo ciclo de realinhamento global. Alianças estão sendo revistas, a guerra comercial voltou com força, e até a segurança nacional americana agora está misturada com política cambial. O tal “Mar-a-Lago Accord”, se vingar, pode reescrever o funcionamento da economia global nos próximos 30 anos.

E quem estiver distraído vai ser atropelado.

Esse é o tipo de movimento que separa quem joga o jogo de quem vira peça no tabuleiro. Enquanto o dólar balança, muita gente ainda não revisou sua estratégia de câmbio, seu modelo de precificação ou sua exposição ao risco internacional. É nesse tipo de virada que se ganha ou se perde uma década.

Se você está lendo isso, considere um aviso estratégico. O mundo está mudando diante dos nossos olhos. E quem não se movimentar agora, mais tarde vai ter que correr atrás no desespero.