A crítica, a queixa, a condenação

A palavra ‘crítica’ é uma expressão usada em muitos contextos e em alguns deles de forma bastante pejorativa. Ao longo do tempo, essa palavra tem recebido conotações muito distintas e justamente por isso, vale explicar em qual contexto estamos usando-a. Antes de tudo, a palavra ‘crítica’ teve sua origem na língua grega kritikē (κριτική) e significava “a arte de julgar/analisar”[1]. Escolas filosóficas desenvolveram inúmeras Teorias Críticas nesse sentido de análise argumentativa. Em outros contextos como das artes em geral, a figura do crítico (gastronômico, artístico, etc.) tem o papel de atribuir um nível qualitativo à obra, ou ao prato de um restaurante e nesse sentido, a crítica é extremamente bem-vinda porque é através dela que um autor ganha reconhecimento. No entanto, muito distante dessas definições, essa palavra tem sido usada também quando se quer atribuir algo negativo á outra pessoa, isto é, quando há uma intenção de censurar o trabalho de alguém ou apontar defeitos de forma leviana ou ainda atribuir incompetências à outra pessoa. Nesse contexto, costumamos chamar de crítica negativa ou crítica destrutiva e é justamente nesse sentido que usaremos essa palavra no decorrer do texto. A definição de crítica aqui foi inspirada na obra de Dale Carnegie intitulado “Fazer amigos e influenciar pessoas”.[2]

  1. Não critique de forma ofensiva, não condene e não reclame

Muitas podem ser as motivações que levam uma pessoa a se afastar do seu equilíbrio emocional tornando-a impulsiva no pior sentido da palavra. Uma dessas motivações é o stress que a vida diária pode lhe trazer; outra motivação pode ser o rancor a partir de algo que não ficou bem resolvido. No ambiente de trabalho, nada pode ficar mal resolvido, afinal, trata-se de uma grande máquina cujas engrenagens precisam trabalhar de forma extremamente harmoniosa. Questões mal resolvidas e stress podem potencializar ações negativas e nessas ações a crítica ofensiva ao colega e a condenação apressada ao trabalho de outras pessoas pode se tornar uma bomba relógio em qualquer ambiente.

Algumas tarefas podem ser fundamentais para que o equilíbrio não se perca. A primeira dela é:

A: Organize-se: organizar suas tarefas e funções te dará uma importante noção temporal, ou seja, quando você sabe quanto tempo tem para começar e terminar cada tarefa, você possui o controle de cada atividade. Isso significa menos stress ou ao menos uma ansiedade mais controlada. Anote tudo e tome as rédeas do seu tempo diário;

B: Dê reforço positivo: Antes de emitir um julgamento desnecessário sobre o trabalho de outra pessoa, antes de falar de forma raivosa e equivocada com qualquer indivíduo – seja no seu trabalho ou em qualquer ambiente em que você estiver – respire e se pergunte se essa é uma maneira eficaz de contribuir para a boa convivência e com o trabalho de outra pessoa. Faça comentários construtivos e caso queira emitir uma opinião pontual, faça de forma branda, cultivando o reforço positivo;

C: Benefício da dúvida: diante do erro e da ação de outra pessoa, dê sempre o benefício da dúvida antes de concluir que essa pessoa tenha feito qualquer coisa motivada por uma maldade intrínseca. Muitas vezes as pessoas fazem coisas sem perceber que pode magoar profundamente outras pessoas. Antes de ficar irado(a), procure ter certeza que houve ou não uma intenção de magoar.

D: Não reclame por tudo e sobre tudo: quando a gente olha mais para negativos que os aspectos positivos de uma situação, o nosso equilíbrio psicológico se perde no meio do caminho. Quando a gente cultiva a gratidão, o coração fica mais leve e livre de questões rancorosas. Já dizia o ditado: o rancor é um veneno que você toma esperando que o outro morra. Não se envenene, isso é sabedoria.

Essas quatro tarefas servirão para que você consiga bloquear o stress, a ira, o desequilíbrio, o rancor e a desavença de uma forma mais eficaz. Mas é preciso ter em mente que a prática te leva à excelência. Em alguns momentos você vai falhar nessas tarefas e tudo bem, o importante é que cada falha te traga um aprendizado e o aprendizado te leve à evolução. Evoluir não é fácil, mas é possível.


[1] Para uma análise mais aprofundada sobre a filologia e o a definição conceitual da palavra ver MARCONDES, Danilo. A Crise da Modernidade: Kant e Filosofia Crítica. In: MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: Dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. p. 233-245.

[2] Esse texto foi inspirado na obra de Dale Carnegie intitulado “Fazer amigos e influenciar pessoas” – p. 50-54.

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